Homilia de dia dos pais – onde está teu tesouro aí estará também teu coração!

Paróquia N. Sra. do Carmo – Homilia no dia dos pais 
11 agosto 2013  – Sb 18, 6-9; Sl 32; Hb 11, 1-19; Lc 12, 32-48)

PE.PAULO BEZERRA*

I – “Onde está o teu tesouro aí estará também teu coração”. Saudação aos pais sem reducionismo biológico, no entanto, sem prescindir do biológico:

Acervo: Celeiro da Memória. Douglas Mansur.
Acervo: Celeiro da Memória.
Douglas Mansur.

1.1. Pais do “sacramento de Jesus”, pelo sangue e pelo sêmen geraram filhos concebidos nas relações interpessoais feitas do prazer da aliança desejada, querida e assumida… (“onde está teu tesouro aí estará também teu coração”)

 1.2. Pais desejosos de mais filhos que viram-se detidos pelos condicionamentos naturais resultantes em abortos espontâneos… (“onde está teu tesouro aí estará também teu coração”)

1.3. Pais testemunhas do crescimento dos filhos: no vigor da alma e do corpo acompanharam e foram aprendendo, com o desenvolvimento dos filhos, a contemplá-los como autônomos e não mais dependentes de sua paternidade… (“onde está teu tesouro aí estará também teu coração”)

1.4. Pais do acaso da paixão alcoolizada ou da fuga furtiva de relacionamentos desaprovados. Experimentaram sem se responsabilizarem pelo fruto do amor perdido em momentos que já se foram… (“onde está teu tesouro aí estará também teu coração”)

1.5. Pais reduzidos a só pais: obrigados ao amor sem prazer de esposas que viraram só mães e esporadicamente reconhecidos por filhos/as que os minimizam a “provedores do lar”… (“onde está teu tesouro aí estará também teu coração”)

1.6. Pais da boemia que nos bares e bailes da vida afogam/desafogam as frustrações do desencanto do casamento engolido pela calculista rotina dos gestos e palavras repetidos no mesmo tom de um acorde só… (“onde está teu tesouro aí estará também teu coração”)

1.7. Pais suportados por sogras, noras e genros, cunhados/as cuja indiferença do clã os decretou intrusos do fechado círculo sanguíneo, moldura de santuários tornados freezers de sangue cujas paredes são “muros de lamentações”… (“onde está teu tesouro aí estará também teu coração”)

1.8. Pais satisfeitos com a maturidade biológica em curva descendente que integram no seu ser as limitações da existência humana (“onde está teu tesouro aí estará também teu coração”)

II – “Bote fé – “Futuro certo que dá novo impulso e nova força à vida de todos os dias”          Saudação aos pais para além do biológico e do DNA:

2.1. Pais não biológicos: sem terem procriado distribuem gestos de cuidado e de proteção com a vida de todos os seres… “Bote fé”!.

Acervo "Homenagem ao dias dos pais" Celeiro da Memória. Douglas Mansur.
Acervo “Homenagem ao dias dos pais” Celeiro da Memória.
Douglas Mansur.

2.2. Pais da polivalente expressão do ser: sem procriarem e sem exames de DNA marcam o caminhar da humanidade pela engenharia da vida que se prolonga; pela criatividade artística da expressão do DNA da alma; pela inimaginável geração espiritual de valores… “Bote fé!”

2.3. Pais ousados do futuro: “eunucos de nascimento”, “eunucos pela maldade humana”, “eunucos por opção” – depois do “ponto final” da produção biológica, colocam a vírgula provocativa do que vem depois… “Bote fé!”

2.4. Pais falecidos, em suspensão da existência precária do ser, o legado deixado atrás de si exprime com “três pontos” a direção incerta do que vem depois… “Bote fé!”.

Acervo "Homenagem ao dias dos pais" Celeiro da Memória. Douglas Mansur.
Acervo “Homenagem ao dias dos pais” Celeiro da Memória.
Douglas Mansur.

2.5. Pais das bem-aventuranças de Jesus de Nazaré: co-criadores do Reino que é mais do que comida e bebida: “Bote fé!”

Vocês protagonizam o “Futuro certo que dá novo impulso e nova força à vida de todos os dias”!

 

III – “Os santos participariam solidariamente dos mesmos bens e dos mesmos perigos, enquanto entoavam antecipadamente os cânticos de seus pais”.

Ação de graças que nasce do “pão e do vinho”

Acervo "Homenagem ao dias dos pais" Celeiro da Memória. Douglas Mansur.
Acervo “Homenagem ao dias dos pais” Celeiro da Memória.
Douglas Mansur.

3.1. No pão da eucaristia de Jesus e no  vinho da eucaristia de Jesus, ação de graças por você, irmão e amigo! A leveza do seu existir masculino/paterno  é transubstanciada em aliança de um novo e eterno testamento – o mandamento maior do amor!

3.2. Falo aqui de instinto, de genitalidade, de sexualidade, de corporeidade, de animalidade, de humanidade, de afetividade, de comunhão, de pão e de vinho, de eucaristia, de Deus e dos homens e mulheres…

3.3. Falo de comunhão e solidão; falo de comunhão com solidão e de solidão sem comunhão; faço da condição humana…

3.4. Terminemos essa “conversa familiar” com uma vírgula: não sabemos  que vem depois. Ou, o que vem depois, quem sabe, talvez, dependa do que alguém propuser…

A geração da vida abre-se, de novo, ao inédito, ao acaso, à graça, ao dom… Ao outro/a, ao Grande Outro. Masculino e feminino se integram, se desintegram; se entregam e, de novo, se integram/desintegram…PRA ONDE NOS LEVARÃO? EU NÃO SEI! VAMOS? VAMOS!

3.5. “Bote fé!”
Autor*Pe. Paulo Sérgio Bezerra,
Pároco de Nossa Senhora do Carmo, Itaquera
Diocese de São Miguel Paulista – São Paulo – SP.

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